Segundo
Kim (apelido do músico carioca Joaquim Cezar Motta), o grupo mudou de estilo
porque seus ex-fãs “fanáticos religiosos” não entenderiam a sua música e sua
postura artística: “Na boa, aqui não é
lugar para vocês... Não trabalhamos para vocês! Nem desejamos vocês como fãs?
Entenderam? Obrigado...”
Por
motivos óbvios, não participei da fase ‘gospel’ do Catedral.
Na
época, esse estilo nem tinha esse nome. Eram, em sua maioria, duplas ou
artistas solo que usavam apenas o termo ‘música evangélica’, até porque a
denominação ‘gospel’ pertencia por registro ao maquiavélico apóstolo-empresário
Estevam Hernandes. Ser um músico evangélico implicava (até então) em uma regra
de simplicidade mantida a todo custo. Nada de roupas extravagantes, nem cabelos
espetados com gel. Fãs, cachês, autógrafos... nem pensar! Todos eram seguidores
apenas de Jesus.
Na
década de 90 o Catedral era conhecido como uma das mais expressivas bandas do
segmento do rock evangélico e já distinguia por algumas afinações de voz dissonantes
e uma temática que fugia do lugar comum da arte a serviço do evangelismo. Achei
natural que optassem por se dissociar definitivamente do público evangélico
para seguir um outro estilo – como já fizeram algumas bandas nos Estados
Unidos.
Nada
disso significa negar a fé, e é outro ponto que precisa ficar bem claro.

Hoje,
o Catedral jura que a entrevista era falsa, que não disseram tudo aquilo. Uma
série de acusações levou a um processo contra a antiga gravadora, MK Produções,
por difamação. Uma pesquisa por pontuação (sem valor estatístico) mostra que o
grupo nunca se dissociou de sua imagem gospel.
Kim
é aquele imitador da voz do Renato Russo. Ele detesta admitir isso, fica
irritado, mas o fato é que o grupo fez até uma paródia do Faroeste Caboclo
(chamada “Pedro Zé Um Nordestino”), em que pinta uma crítica rotunda à moral
evangélica – sem deixar a mensagem cristã, fique-se bem entendido. Com um
discurso politizado, Kim critica o estilo ‘louvação’ da música evangélica e
defende a sua música formadora de opinião, com seu público seleto e
diferenciado – ou, seria melhor dizer, pequeno (os “catedráticos”). Dessa
forma, a banda ficou à parte da explosão gospel da última década e que,
curiosamente, vem embarcando até alguns artistas seculares de moral duvidosa
(de Latino até Belo).
Em
2010, a banda ganhou a causa que tinha na justiça do RJ contra a MK – que, maledicências
à parte, fez por merecer o processo. É curioso, mas a banda acabou lucrando
justamente em cima dos fanáticos e fundamentalistas que optou por se livrar.
2 comentários:
Leandro, com todo o respeito. No seu perfil está assim:
Sexo: Feminino.
Você pode ter colocado errado ou sem perceber como se tu fosses do sexo feminino.
Se foi um descuido é melhor corrigir antes que alguém com más intenções veja tal coisa.
Atenciosamente, Carlos Henrique.
Muito obrigado.
De fato, foi um esquecimento.
Abraços!
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