
O
bispo abortista foi incisivo: “Todos os
pastores e líderes que caem pelo poder de Deus estão endemoniados, estão
literalmente possessos. Se vierem na Igreja Universal do Reino de Deus, vão
cair. Agora eu quero ver colocar a mão na minha cabeça e me fazer cair. Eu
agora faço um desafio. Vocês podem vir 7, podem vir 70, podem vir 400 profetas
lá das outras igrejas que caem pelo poder, vocês todos, e ponham a mão da minha
cabeça. Se eu cair, eu vou aderir a essa doutrina.”
Ana
Paula Valadão, do Diante do Trono, foi usada como exemplo, por ter ‘caído em
unção’ durante um culto ministrado por um pastor finlandês.
Em
fevereiro, Edir Macedo admitiu que bebe cerveja, desafiando uma tradição no
meio evangélico – do qual, aliás, está cada vez mais distante: “A religião proíbe beber cerveja, mas eu bebo
cerveja quando eu estou com vontade eu bebo e acabou! E quem é que vai me dizer
pra eu não beber?”.
Comentário
1:
Descontando a descortesia para com os cantores gospel, o fenômeno de ‘cair pelo
poder’, rodopiar na igreja e outros chiliques deve ser tratado com seriedade e
cuidado pelos evangélicos. A maioria das igrejas (mesmo as pentecostais) rejeita
esses excessos, e seria ingenuidade acreditar que os líderes não se preocupam
com suas semelhanças com ritos afro ou com terapias xamânicas.
Edir
Macedo não está errado.
O
problema é: que moral tem a IURD para
falar disso?
Todo
mundo sabe que a igreja tocada pelo bispo Macedo especializou-se em sessões de descarrego,
sabonetes de arruda, objetos ungidos e outras práticas cristianizadas das mais
baixas superstições do folclore brasileiro.
Por
que agora o bispo está tirando o corpo fora?
Comentário
2:
Há muitas referências à bebida na Bíblia. É sempre uma fonte de alegria e também
uma causa de sérias confusões. Qualquer afirmação no sentido de que não se pode
beber nunca desemboca em um legalismo incompatível com a maturidade cristã. Por
outro lado, dizer que se pode beber (mesmo “socialmente”) é um convite à
irresponsabilidade.
Alguns
alegam agora que
o impedimento à bebida por parte do movimento evangélico foi uma situação
temporal, criada em um momento em que na Europa o alcoolismo imperava, e por
isso o governo europeu (SIC) criou centros de recuperação de alcóolatras, e os
primeiros missionários vieram ao Brasil com esse tipo de visão sobre o consumo
da bebida. Na realidade, os missionários vieram dos Estados Unidos (não da
Europa), o alcoolismo existe em qualquer parte do mundo e os governos jamais
criaram centros de recuperação para o vício que tivessem vínculos com igrejas
ou missões.
Mas,
se partirmos do ponto de que sim, o crente pode beber livremente, teremos que
cuidar para não chegar ao ponto de sermos incluídos entre os “beberrões” (1Cor
6.10, Ave Maria), de que Paulo fala que não herdarão o reino de Deus. Se
quisermos fazer um critério de situações em que a bebida é esporádica e
moderada, e quando se torna um vício devastador que destrói carreiras e lares, a
diferença é apenas a quantidade. Ou seja, abre-se a porta, abre-se toda a
porteira.
Outros
sustentam – mais por vaidade bíblica do que qualquer outra coisa – que não se
encontra na Bíblia nenhuma proibição de beber – salvo o voto de abstinência,
temporário e especial, do nazireu (Num 6.3), que sequer podia comer uvas – e que,
pelo contrário, em Mat 11.19, Jesus fala que diziam dele que era um “glutão e um beberrão” – em comparação
direta com João Batista, que nada bebia e tinha como iguaria os gafanhotos do
deserto. O primeiro grande milagre registrado nos Evangelhos (João 2), na festa
de casamento em Caná, é a transformação da água... em vinho.
Desse
jeito, chegaremos ao ponto de existirem bafômetros nas igrejas!
Não.
Não há por que termos, enquanto cristãos, de definir o ponto em que o consumo
de álcool é moderado, e quando é um vício incontornável. A questão está sempre
no propósito.
Qual
o propósito de beber?
Tomar
coragem para fazer algo que se sabe que é pecado? Esquecer a inibição masculina
diante dos problemas e sentir-se forte para uma agressão física? Sentir-se
inserido em um círculo de amigos contadores de piadas – nome novo para ‘roda de
escarnecedores’?
Se
esses são propósitos comumente aceitos para o primeiro copo de bebida, então a
quantidade é indiferente.
Comentário
3:
Deixem o Edir Macedo beber. Ponham-se
na situação dele. É alguém que, no fim das contas, fez mais mal do que bem ao
Evangelho. Ele sabe que vai para o inferno, pelos males que tem causado à Igreja
e pela disseminação de tantos modismos que agora ele critica. Por que privá-lo
do prazer da bebida nos anos que restam à sua vida?